segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Relação do Português com as línguas autóctones (TETÚM)

Em especial a língua autóctone de Timor-Leste é o Tetúm. Bom, todos nós sabemos que a língua constitui uma das ferramentas fundamentais de um país, da representatividade de um povo, da identidade de uma Nação e, por outro lado, ninguém ignora que as atitudes neocolonialistas de hoje se manifestam de uma forma bem mais subtil. Por outro lado, um país sem identidade, sem carisma nem História, um país que se limita a ser uma cópia de outros, um país sem alma, será um país submisso, permeável a ser colonizado, assimilado e transformado numa extensão de outro país.
Os timorenses estão comummente ligados pela história da Resistência. Mais recuadamente, estão-no pela perseverança com que defenderam a manutenção dos seus traços culturais imemoriais ao mesmo tempo que beberam do país colonizador experiências que, gradualmente, o tempo se encarregou de integrar como novas características culturais, sem, contudo, prejudicar a cultura autóctone. A par da religião católica, a língua portuguesa é disso exemplo.
Compreende-se que Timor-Leste, país independente e com vincadas tradições culturais mas situado geograficamente junto de países fortes como a Austrália e a Indonésia, com os quais partilha fronteiras territoriais e marítimas, tenha colocado extremo cuidado no tratamento de questões consideradas determinantes para a consolidação da sua identidade, como foi a escolha corajosa da língua portuguesa como idioma oficial a par do tétum, língua autóctone, ou seja, que foi formada no próprio país.
Se atentarmos na dificuldade da reintrodução do português devido à utilização abusiva do inglês e do indonésio em detrimento das línguas oficiais, podemos concluir que a existência das duas línguas oficiais – português e tétum – servindo os interesses dos que defendem a língua como traço identitário de Timor-Leste, é, por outro lado, um sério entrave a quem pretende, precisamente, o enfraquecimento desse traço, logo, do esbatimento da identidade timorense.
O português foi a língua utilizada pela Resistência durante a luta pela independência e a sua utilização marcou a diversidade timorense da dos ocupantes. Etnicamente parecidos com os indonésios do outro lado da ilha que também falam tétum – tendo em conta ainda que a Indonésia se pauta pela “unidade na diversidade” -, aos timorenses afigurava-se importante cultivar a desigualdade. A existência do traço marcante de total dissemelhança reside no português.

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