Essa ilha, longa e estreita, semelhante a um crocodilo na forma, segundo uma das lendas de Maubere, está inserida no arquipélago indonésio, situada a menos de 500 quilómetros da Austrália. Encontra-se dividida em duas partes distintas: a metade ocidental, sob o domínio indonésio, mas onde ainda estão patentes as influências da precedente colonização holandesa, e a zona oriental, hoje independente, com referências predominantemente portuguesas.
Nesta ilha, as tradições raramente permaneceram estáticas, e novas ideias e técnicas, algumas provenientes de ilhas longínquas, foram ao longo dos séculos absorvidas e reinterpretadas, para dar resposta a novas situações sociais e económicas. Etnograficamente, os timorenses dividem-se em dois grandes grupos: o Atoni da Melanésia e o Tétum do Sul de Belu, que se pensa originário de Malaca. No caso específico de Timor-Leste, torna-se muito difícil identificar e territorializar os vários outros grupos étnicos. Ainda, nos dias de hoje, se encontra uma grande diversidade cultural e linguística, proveniente das antigas guerras internas e das consequentes integrações de subgrupos em outros grupos étnico-linguísticos.
Tal diversificação é transposta para os têxteis, em termos de cores, motivos e técnicas usados na tecelagem. As diferentes línguas dificultam igualmente o estudo dos tecidos, devido à multiplicidade de termos aplicados a um mesmo utensílio ou técnica. É preciso entender que apesar de Timor-Leste se encontrar dividido em treze distritos, as diferentes línguas remontam a perto de quinze e distribuem-se de uma forma esparsa e errática por todo o território.
O SIGNIFICADO DOS TÊXTEIS
Os têxteis de Timor, tal como nas outras sociedades da Indonésia, têm um papel muito importante nos rituais das comunidades, e, ao serem criados por grupos de etnias diferentes, podem distinguir--se uns dos outros, quer em estilo e nas técnicas utilizadas, quer no seu significado cultural.
Tais feton muito elaborado executado em ikat em teia e buna, com motivos de pássaro (Timor-Leste).
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